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A energia: dos ventos ao carvão

Santa Vitória do Palmar e Chuí viraram referência continental e, juntas, formam o Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina

Carlos Queiroz -

Se há um setor onde o Rio Grande do Sul é privilegiado e tem um amplo horizonte de crescimento à sua frente, este é o da energia. Também, pudera. Aqui está a segunda maior capacidade de produção de eletricidade a partir dos ventos, atrás apenas do Nordeste do país. De acordo com o mais recente mapeamento, realizado em 2014, com a tecnologia existente de equipamentos o Estado pode gerar até 103 gigawatts (GW) em terra (onshore). Se for incluída a possibilidade de instalação de aerogeradores em lagoas e no oceano (offshore), somam-se outros 104 GW. Com um detalhe: é justamente no extremo meridional gaúcho (Sul, Litoral e Campanha) que está boa parte deste potencial.

Não à toa, Santa Vitória do Palmar e Chuí viraram referência continental e, juntas, formam o Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina. São 583 megawatts (MW) produzidos nos três parques instalados (Geribatu, Hermenegildo e Chuí). Mais do que mudar a paisagem, os aerogeradores significam injeção de cerca de R$ 14 milhões por ano nos cofres públicos. Uma novidade para quem tem 56% do seu PIB vinculado à agricultura. “Nosso orçamento é de R$ 121 milhões e com os impostos dos parques teremos recursos para pagar dívidas de INSS, caixa de saúde dos funcionários, precatórios e também investir na recuperação de estradas e pavimentação de ruas”, projeta o prefeito Wellington Bacelo (PMDB), que tenta obter também outros R$ 10 milhões em contrapartidas devidas pela Eletrosul para reformar escolas e promover ações ambientais.

Rio Grande também já produz energia. O município tem em funcionamento o Complexo Eólico Corredor do Senandes, com seus 108 MW. Porém, para que tanto ela possa ampliar a geração quanto outras cidades se habilitem a instalar os aerogeradores, não bastam apenas os bons ventos. “Faltam linhas de transmissão, o que inclusive cancelou a participação de projetos da região em leilões no fim do ano passado”, lamenta o engenheiro eletricista e professor da pós-graduação em Energias Renováveis da UCPel, Leandro Zaffalon. Ele cita como exemplo dessa carência o fato de que a estrutura instalada na praia do Cassino chegou a ficar um ano produzindo energia, mas sem ter como escoar para o Sistema Interligado Nacional (SIN) por ausência de uma conexão.

 

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